Alguns trabalhos abordando temas diversos, recentemente publicados em jornais e revistas, com suas referências bibliográficas.
Com o povoamento do arquipélago de Cabo Verde, encontrado desabitado aquando do seu achamento, ocorreu um processo de mestiçagem, resultante do encontro das várias etnias, que aí se entrecruzaram. Uma vez que as ilhas foram povoadas por fases e com contingentes diferentes, não receberam todas elementos étnicos provenientes das mesmas origens, tendo nalgumas já participado elementos nascidos nas zonas do povoamento mais antigo. Daí resultou uma sociocultura, em que condicionalismos geográficos e climatéricos imprimiram particularidades a cada ilha, embora nos seus traços genéricos enformem um povo com comportamentos, valores e tradições extensíveis ao seu todo.
Por isso, a especificidade da identidade cultural cabo-verdiana é determinada pela miscigenação e influenciada pela insularidade, ou seja, a base da cosmovisão típica deste povo adveio da mestiçagem e interpenetração no tecido social de diversas culturas, com as suas tradições, costumes, valores e comportamentos, que moldaram um imaginário colectivo e se reflectem no seu quotidiano.
1 - MUDANÇAS DE ESTATUTO
Nesse sentido, observam-se os chamados “ritos de passagem” que acompanham e simbolizam as mudanças de estatutos, pois, também em Cabo Verde assinalam um conjunto diferenciado de estádios, nomeadamente, o nascimento, o baptismo, a puberdade, o casamento e a morte, tornados mesmo acontecimentos sociais.
Assim, tradicionalmente, no período que vai do nascimento à queda do cordão umbilical, é a parteira que trata da criança, neste período repleto de ritos: Logo após o nascimento prendem-lhe ao pescoço um “arlitche” (cordel com “contas de quebranto” e outros amuletos dentro de um saquinho), enterram a placenta num local escondido, com a “boca” para cima de modo a que a criança não apanhe “frieza” (resfriado), bem como o cordão umbilical (para ligar a criança à terra), sendo o recém-nascido, também banhado numa infusão de ervas aromáticas (contra o mau olhado), simbolizando a sua passagem do mundo aquático para o terreno
Destaque-se, ainda, a cerimónia do “guarda-cabeça”, ou ritual da “noite de sete” (sete dias, após do nascimento) que reúne familiares e amigos numa vigília para defender a criança de bruxos, lobisomens, etc. e na qual se fazem orações, comem e bebem e conversam enquanto cantam músicas tradicionais para afugentar aquelas criaturas malignas.
Algum tempo depois realiza-se o baptismo (se morre sem baptismo, é pagão, mas considerado “anjinho”), do qual faz parte uma refeição oferecida pelos pais (“santos óleos”), não faltando brindes dos padrinhos e baile.
Sendo a puberdade quase que a preparação para o casamento, rituais de passagem marcam a mudança de estatuto (celibato para casado), do qual fazem parte conselhos ao novo casal, antecedido, nomeadamente, da tradicional aceitação do namoro por parte da rapariga (declaração oral, carta, ou oferecendo-lhe um “sinal de amor”), a que se segue o pedido de casamento (o rapaz informa aos pais da rapariga que alguém irá falar com eles), e depois de aceite, servem como “morabeza” um bom grogue.
Dos preparativos para a boda faz parte a “plaja” numa das casas dos pais dos noivos, realizado por familiares e amigos (que levam algum milho para preparar o xerém, simbolizando a sua importância na alimentação tradicional). No “cotchir” é a noiva que inicia o esfarelar do milho no pilão (tarefa que pode levar vários dias, ao som do “sabe deveras”), reuniões que ajudam a estreitar relações de amizade entre as duas famílias.
Na véspera do evento estalam foguetes e uma orquestra de pau-e-corda anima a casa da boda (assinalada com uma bandeira), aonde são levados os presentes transportados nas “bandejas” (tabuleiros envoltos em toalhas brancas, ornamentados de flores) e recebidos pelo “mordomo”, numa animação que reina durante toda a preparação do banquete. Após a cerimónia litúrgica, organiza-se um cortejo nupcial, aguardado à saída da igreja por uma orquestra tradicional a tocar a marcha nupcial. Parte-se bolo no final do repasto, os padrinhos “botam discurso” e brindam, as flores da noiva são oferecidas à sua irmã mais nova e a festa prossegue no baile que se prolonga pela noite. Nalgumas regiões pode ainda realizar-se a “festa do toldo”, repleta de tradições.
O capítulo da morte constitui um processo que no caso de Cabo Verde retrata algum sincretismo, apresentando um misto de catolicismo e práticas de cultos diversos. Em redor do leito do moribundo (pedem perdão por ofensas anteriores, concedendo-o também a ele para que o seu espírito não fique a vaguear na terra) e em seguida o “curioso” (substitui o padre quando o não há) faz várias orações. Note-se, que enquanto o moribundo se mantém vivo, há uma certa serenidade, mas logo que faleça o alarido apodera-se de todos, culminando na “guisa”.
Depois de se “amarrar a queixada”, o defunto é lavado com infusões de ervas aromáticas, cascas de laranja, alecrim, etc. e vestem-no com a sua roupa dos dias festivos (os adultos de fato escuro e as crianças de branco). Logo após o enterro, “armam altar” na casa do defunto (servindo de medianeiro entre a alma deste e o mundo terreno), começando então aqui o “tempo do nojo” (pode prolongar-se por oito, quinze dias ou até um mês, dependendo das posses do falecido), em que os familiares passam uns dias sentados no compartimento onde o corpo do morto foi exposto, chorando-o e recebendo pêsames, pois comem apenas alimentos oferecidos por amigos e vizinhos. No sétimo dia, geralmente, depois uma missa procedem ao “levantamento do altar” e na noite anterior fazem a “véspera”, que consiste num conjunto de hinos e rezas entoados em coro, posto que servem uma refeição à meia-noite.
Sublinhe-se, ainda, a existência do “canto das almas” (quase em desuso) dedicado às almas do Purgatório que precisam das orações dos vivos para conseguirem alcançar o Céu. Em S. Nicolau, por exemplo processam-se a seguir às “Festas de Outubro”, normalmente ao “desamparinho” ou em alta madrugada, continuando até 2 de Novembro, altura em que os devotos vão até ao cemitério para aí procederem a “oferecimento da sua reza”.
2 - SINCRETISMO RELIGIOSO
Com o aparecimento do mestiço, que recebeu influências das duas vertentes étnicas (africana e europeia) que em contacto acabaram por se misturar culturalmente, confluindo para um sincretismo que apresenta a adaptação do cristianismo, mesclado de rituais, práticas e crendices, que encontraram espaço para se manifestarem lado a lado nas tradicionais romarias, dias dos oragos das freguesias, festas de santos populares, etc.
Assim, as romarias em honra de determinado santo (ou patrono de uma localidade) realizam-se ao longo de quase todo o ano e constituem ocasiões e locais para encontros de gentes que acorrem para conviver e renovar contactos, saber notícias, entabular relações, etc., ao longo das celebrações que englobam aspectos religiosos importantes (pagamento de “promessas”, p.ex.).
Também nos festejos dos santos populares (costumes introduzidos pelos povoadores portugueses), realizam-se em todas as ilhas, com algumas diferenças, mas reflectindo fortes semelhanças no fundamental (por se observarem características comuns a todas), constam quase sempre de cerimónias religiosas (missa, procissão e sermão) completadas por um variado número de aspectos lúdicos, de grande riqueza simbólica. Nas festas de Santo António, S. João e S. Pedro não faltam as barracas de comes e bebes, os tradicionais “bailes nacionais”, bem como a “luminária”, onde adultos e jovens convivem ao som de tambores (costume que possui um carácter simbólico, porque o fogo é elemento purificador e regenerador do corpo e da alma), enquanto dançam o “colá”, sem esquecer os grupos de tocadores de tambor (instrumento europeu tocado ao ritmo africano) nos desfiles com “coladeiras” e elementos simulando marinheiros transportando navios enfeitados com bandeirinhas de papel, colares confeccionados com “pipocas”, que percorrem as ruas dos povoados.
Neste contexto sincrético, S. João é um dos padroeiros da Tabanca, cujo período de maior festividade ocorre entre Maio e Junho (no tempo da escravatura era nessa altura que concediam alguma liberdade aos cativos). Nos seus cerimoniais festivos observam-se aspectos religiosos (missa e salva), lúdicos (espectáculo), convívio, comensalidade e um cortejo que engloba um código cénico de elementos europeus (fardas e tambor) e africanos (o batuque, as danças), mas no conjunto apresenta-se actualmente como uma manifestação bastante descaracterizada.
Outro exemplo são as festas das bandeiras na ilha do Fogo, dedicadas a S. Sebastião, S. Filipe, S. João e S. Pedro (cada um deles tem uma bandeira com a respectiva imagem), que adquiriram um cariz específico. Os preparativos começam alguns dias antes anunciados por foguetes, com a preparação do milho para o xerém destinado à ceia dos “canisades”, numa tarefa em que as pancadas do pilão são executadas por mulheres, ao ritmo dos tambores, dos “paus-de-colêxa”, das palmas e das denominadas “cantigas do pilão”.
Refira-se, ainda, o cântico das “Divinas” (abreviatura de “Associações Divinas”, constituídas por membros de ambos os sexos, existentes em várias localidades da ilha de S. Nicolau), manifestação não litúrgica e de tradição popular cuja origem se perdeu (remontando, talvez, à segunda metade do século XVIII). Apesar de transmitidas oralmente de geração em geração, chegaram aos nossos dias com as mesmas características votivas e pouco alteradas nos seus aspectos fundamentais, o mesmo não sucedendo com as letras e música, cuja composição original é já difícil de discernir.
Os festejos natalícios que se circunscreviam, de início, aos meios urbanos, passaram mais tarde às zonas rurais: Depois de ir à missa de Natal, as famílias reúnem-se à volta da mesa para conviver e cear (não faltando cuscuz quente, barrado de manteiga ou melaço, acompanhado de café, grogue e ponche). Também grupos de crianças tocam instrumentos artesanais e cantam quadras natalícias já mescladas com expressões crioulas para dar as ”Boas Festas”, percorrendo as casas do povoado e recebendo prendas em troca. Na passagem do ano, à meia-noite as ruas enchem-se de gente, escuta-se música de orquestras tradicionais, batem-se palmas, em grande animação, não faltando os conhecidos bailes populares. Por altura dos Reis as crianças cantam o “Racordai”, renovando os desejos de Bom Ano Novo, de porta em porta entoando loas ao som de chocalhos ou dedilhando violões e cavaquinhos.
Pela sua singularidade, cite-se o caso dos “Rabelados” (“Rebelados”) na ilha de Santiago, constituindo um grupo que interpreta a Bíblia de forma muito própria, vivendo, por isso, praticamente à margem da ordem social. Várias são as hipóteses que tentam explicar a origem dos “Rabelados”, bem como a data do seu aparecimento. Terão surgido devido ao abandono a que muitas localidades foram votadas pelo clero e também por dificuldades de comunicação (a ilha é grande e o terreno acidentado), ao que se junta o analfabetismo e a muita pobreza. Nos referidos grupos emergiram indivíduos, conhecidos como “profetas”, que levaram os crentes a tornaram-se fanáticos, adoptando uma moral rígida e interpretações estereotipadas (p.ex., não permitem a desinfecção das suas casas contra os parasitas, pois seguem o preceito bíblico de “não matar”, do mesmo modo que não autorizam tirar sangue para análises, por julgarem que é usado para fazer pactos com o demónio, nunca se identificam e dizem apenas chamar-se “Rabelados”, não demarcam as propriedades, que são colectivas, não comem carne de porco, etc.).
Também circulam inúmeras crendices entre os cabo-verdianos com algum impacto na vida das colectividades, embora com diferentes interpretações de região para região (feitiçarias, mau-olhado, rabada, mal-feito, encantados, bruxas, “menino pateado”, sortilégios, forças sobrenaturais, coisa-ruim, orações de esconjuro, segredos de demoniaria, etc.). De notar a ambivalência na ideia dos malefícios por acreditarem que há sempre meios de se anular com acções e as forças positivas de determinados elementos e daí os amuletos, esconjuros, orações e todo um arsenal destinado a defender dos mesmos e, por vezes, proteger de inimigos, porque a mesma imaginação que engendra a superstição, forja os seus antídotos (talismãs, figas, signos, berloques, enfeites, etc.), sendo alguns preparados pelos curandeiros e cartomantes no intuito de favorecer amores, produzir efeitos afrodisíacos, etc.
Por certo introduzidos ardilosamente no tempo da escravatura numa tentativa de dificultar a fuga dos escravos pela calada da noite, os medos são ainda muito vulgares no arquipélago, nomeadamente, monstros com aparência de gente ou de animal, árvores ou pedras que se movem, luzes misteriosas, esquisitas vozes humanas e de animais, ruídos inexplicáveis, almas penadas suplicando rezas pela sua salvação, etc. (“Capotana”, “Catchorrona”, “Canelinha”, “Bitcha-Fera”, “Lusona”, “Gongom”, etc.).
3 - COSTUMES E TRADIÇÕES
Se tivermos em conta a admiração do cabo-verdiano por certas plantas e substâncias ditas medicinais receitadas pelos curandeiros e “endireitas”, compreender-se-á como se processava a cura, através dos remédios prescritos, os resguardos utilizados, os ritos seguidos (mezinhas), etc., porque antigamente era difícil o acesso à medicina científica (muitas pessoas consideram a enfermidade como expiação dos pecados neste mundo, o que justifica um certo conformismo por parte dos doentes, numa influência do catolicismo, mas não deixam de procurar alívio para os males).
Da história também se fazem “estórias”, principalmente nas sociedades agrafas em que a transmissão da herança cultural se processa oralmente. Assim, o caso de Ládon (o Dragão das Cem Cabeças) está presente no imaginário ilhéu, pois, de acordo com algumas lendas, após ter sido morto, o seu sangue escorreu para a terra do jardim e de cada uma dessas gotas de sangue, nasceu o Dragoeiro (Dracaena draco), espécie em extinção nalgumas regiões, mas que abunda nas ilhas cabo-verdianas (segundo a tradição, os ramos são braços cujas folhas lembram espadas, simbolizando o mito das cem cabeças de Ládon e, caso se faça um corte no tronco, escorre uma seiva de cor vermelha-escura, chamada “sangue do dragão”).
Uma vertente importante é a tradição oral, por representar um repositório transmitido de geração em geração, sedimentado ao longo dos séculos, sobrevivendo ao progresso e novas experiências vividas, continuando por isso a servir para modelar o carácter e enriquecer o saber dos mais jovens. Deste modo, é um testemunho do património sociocultural cabo-verdiano constituído por estórias, narrativas, lendas, provérbios, adágios, sentenças, adivinhas, ditos, cantigas de trabalho, músicas populares, jogos e entreténs, etc.
Como as estórias proporcionam momentos lúdicos e pedagógicos, assegurando a transmissão de valores morais e regras sociais presentes no imaginário local, o acto de contar uma estória assemelha-se a uma exibição de arte cénica, através da animação do corpo associada à voz quando as “botadeiras de estórias”contam às crianças da vizinhança reunidas à sua volta, à “boca da noite”. Existem vários “ciclos” (“Lobo e Chibinho”, “Mã Pexe Cabalo”, “Sirena”, “Bulimundo”, o “Boi Dourado”), resultantes de adaptações de contos tradicionais europeus e/ou africanos, cujo conteúdo e forma foram modificados, em consonância com os condicionalismos ecológicos e sócio-culturais locais.
Destaque-se a poesia de raiz popular, como a “Finaçom” ligada ao batuque (dança com preponderante cariz africano), cujas letras são criadas pelas cantadeiras no próprio terreiro do batuque, mas que com o tempo acabam por se tornar anónimos. A sua temática é variada (a escravatura, as classes sociais, o viver dos mais desprotegidos, a emigração, a velhice, etc.), os lexemas apresentam uma prodigiosa imagística e o discurso caracteriza-se por uma singular subtileza na abordagem dos assuntos.
Acontece que Cabo Verde possui uma dieta alimentar que adveio, em boa parte, dos produtos que o clima permite cultivar, incluindo nessa culinária uma utensilagem específica e um conjunto de rituais que lhe conferem uma simbólica muito própria. Deste modo, poder-se-á considerar as cozinhas “alegres” (preparação de uma refeição do casamento) ou “tristes” (funerais e luto), entre outros, caso da matança do porco, uma espécie de celebração ritualista pela imolação, para além do abate pressupor abundância, ou pelo menos “fartura doméstica” nesse dia (que é geralmente repartida com os amigos).
Quanto ao vestuário, sofreu, igualmente, influências europeias e africanas, pois ao tentar adaptar-se ao ambiente das ilhas, o povoador europeu teve necessidade de alterar a sua maneira de vestir, no que foi seguido pelo mestiço. Contudo, nesta área há a destacar vários tipos de indumentária, consoante o sexo, a idade e os fins a que se destina (nomeadamente o traje de trabalho e o domingueiro).
Complementando a função de significação, encontram-se os adornos, pois o enfeite do corpo assegura papéis económicos e socioculturais. Em Cabo Verde, as mulheres ostentavam tradicionalmente brincos, colares, anéis, pulseiras, etc. (sobretudo em festas ou ocasiões solenes), ou objectos de oiro (numa espécie de gratificação do ego), que ajudam a distinguir as posições na hierarquia social. Actualmente, estão em voga tanto os adornos de fabrico local (tartaruga, fios com contas vegetais, colares de sementes, etc.) como de importação. Entre os homens é comum o uso de relógio, botões de punho e alfinetes de gravata (entre outros).
Através dos tempos tem-se considerado o penteado como um embelezamento do corpo humano e neste arquipélago a sua evolução demonstra influências diversas, distinguindo-se, todavia, os cuidados para uso diário ou o de momentos festivos e especiais, com uma forte tendência para o desaparecimento das diferenças e um nivelamento nos hábitos de vestir e do cuidar do cabelo em Cabo Verde.
Os jogos tradicionais têm por fim o prazer lúdico, aliado a uma maneira de ocupar os tempos livres, diferindo-se consoante as diversas camadas etárias e sexos, cujos membros executam tarefas conforme a habilidade específica exigida para cada caso, principalmente no intuito de exercitar o corpo, pôr em confronto determinada destreza, desenvolver a mente através da aprendizagem, etc. Habitualmente alguns jogos implicam a manipulação de objectos culturais (cordas, dados, aparelhos, etc.), que são muito diferentes daqueles com a classificação genérica de “brinquedos” (bonecas de trapos, bolas, piões, miniaturas, cavalos de cana de carriço, peças feitas com o carolo do milho, carros de madeira e de lata, papagaios de papel, etc.). Executados pelas crianças e jovens, contam-se as brincadeiras de roda, apodos e apelidos usados na gíria da pequenada, jogos de escondidas, a luta entre os rapazes, os jogos de malha, as fundas, fisgas, atiradeiras, armadilhas para apanhar pássaros, etc. Grande parte dos brinquedos tradicionais são confeccionados pelas próprias crianças a partir de embalagens perdidas (latas vazias, arames, etc.), numa clara amostra da sua destreza, engenho e técnica.
De tudo isso se infere a importância em se conhecer o quotidiano daquelas ilhas, no sentido da valorização da sua memória, o incremento da cultura tradicional e preservação da Identidade Cabo-verdiana.
JOÃO LOPES FILHO
BIBLIOGRAFIA
LOPES FILHO, João – Defesa do Património Sócio-Cultural de Cabo Verde, Lisboa,
Ulmeiro, 1985.
- Cabo Verde – Retalhos do Quotidiano, Lisboa, Caminho, 1995.
- O Corpo e o Pão – O Vestuário e o Regime Alimentar Cabo-verdianos, Oeiras, Câmara Municipal de Oeiras, 1997.
(Artiletra n.º 73 - Novembro de 2005 e n.º 74 - Dezembro de 2005)